POR QUE NÃO VOTAR?

 

 

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Viemos de um ano no qual o povo tomou as ruas exigindo real participação política e colocando em questão o funcionamento deste grande teatro que é a nossa democracia representativa. O povo mostrou que não aguentava mais e não iria suportar pacatamente a violência, a exploração, opressão e privação de suas necessidades básicas. Os governos então reprimiram e criminalizaram, com o apoio da manipulação midiática, aqueles que protestaram.

Agora, mais uma eleição se aproxima. A sociedade na qual vivemos canaliza todo âmbito político das nossas vidas para um processo eleitoral comprometido de saída, para uma votação em uma sigla, que serve aos interesses dos grandes empresários e banqueiros que financiam o processo. São a estes financiadores que servem aqueles que se elegem, não importando quem ganhe as eleições. O processo eleitoral é hoje uma grande briga de corporações, e também mais um objeto de consumo da nossa sociedade de espetáculo. As pessoas vão lá e votam de dois em dois anos, e tentam nos convencer que isso faz com que vivamos em uma democracia. Sabemos que isso é obviamente falso, as pessoas votam mas quem elege são os interesses empresariais que financiam as campanhas para garantirem seus privilégios. O cidadão é apenas um consumidor de candidatos. Eleição é briga de corporações e lavagem de dinheiro. Não é este o meio que modifica a sociedade, este é o modo de encobrir e nos apartar dos reais modos de transformação, nos mantendo cúmplices pacatos da nossa própria exploração. Não se trata mais do que um teatro para parecer que somos nós quem decidimos isso, para que cooperemos na edificação de nossa própria prisão. Enquanto isso o povo pobre continua sendo massacrado nas favelas. O que o ano passado mostrou é que o verdadeiro poder do povo se exerce de outro modo, bem mais direto, que o que é capaz de transformar uma sociedade não se faz com voto, se faz na base, nas ruas, nas construções de poder popular diárias e na luta concreta por uma nova sociedade. Por isso é hoje crescente o número de pessoas que não pretendem votar e estas campanhas desesperadas do governo para evitar isso.

Muito se tem falado em ação direta nos últimos tempos. Mas, ao contrário do que afirma a grande mídia manipuladora, ação direta não é sinônimo de ação violenta em protestos, ação direta é quando o povo por suas próprias mãos age politicamente, é participação política real nos locais de trabalho e moradia, é educação popular nas favelas, é a construção de territórios autônomos, ocupações sem-teto, é quando o povo se organiza diretamente e constrói aquilo que almeja e luta nas ruas por seus interesses. O que o processo eleitoral visa é impedir e desqualificar o caráter políticos destas ações diretas. Enquanto gritamos ‘vem pras ruas’, isso modifica a realidade e constrói muito mais um mundo novo do que apertar botões para legitimar a eleição de quem quer que seja, dizem na TV ‘vem pra urna’, isto é, continuem não tomando parte diretamente na construção política da sociedade a qual pertencem, continuem legitimando o lucro que temos com a manuteção deste teatro. Por isso ao lado do sufrágio universal está a criminalização de nosso movimento, a criminalização daqueles que ousaram colocar toda esta farsa em questão e ameaçaram a funcionamento deste sistema. Não votar é também ação direta concreta, não é uma ação simbólica para dizer que nenhum político presta, é uma ação que não legitima o próprio processo eleitoral como ação política, que não legitima esta falsa democracia.

O que alguns ainda não sabem é que de fato não somos obrigados a votar, o equívoco em relação a este ponto também é bastante conveniente para aqueles que querem seu voto para legitimar suas mentiras. Não votar não faz ninguém perder direitos políticos, nem não poder tirar passaporte, nem deixar de receber salário ou não poder fazer concurso público. Não se trata de ter que justificar, todas as pessoas podem não votar e não justificar, basta pagar uma multa de R$ 3,50 na sua sessão eleitoral. É muito fácil, e barato, o preço de uma passagem de metrô. Basta não votar, e procurar durante o mês seguinte a sua sessão eleitoral. O funcionário responsável sequer pergunta a razão pela qual você deixou de votar. Com isso, você não legitima esta falsa democracia. Neste ano de eleições, o Brasil tem uma série de presos e perseguidos políticos justamente por não legitimarem esta farsa eleitoral. Todos têm a chance de dar uma resposta a este sistema e dar sentido a esta luta que é de todos nós. Não apareça para votar, a multa é ridícula e você não compactua com esta ditaduta na qual vivemos!

SE VOTAR MUDASSE ALGO, SERIA PROIBIDO!
ESTA TAMBÉM É UM CAMPANHA DA FRENTE INDEPENDENTE POPULAR!